A nossa velha torre branca

Postado no dia: 21 de June de 2016 por Álvaro Perazzoli em Fotografia, Literatura, Lugares, Poemas

Texto: Álvaro Perazzoli

Torre Branca

Sempre que recordo-me de ti eu vejo os seus olhinhos sorrindo. Você sorri até quando está triste.

Hoje voltei um pouco para a minha infância para escrever para o menino dos meus. Nesse passeio eu tropecei em ti.

Eu chorei hoje por nossas infâncias. Quis pegar na sua mão e correr para a nossa torre velha e branca de concreto

Ela fora abandonada. Um dia foi bem alta, tinha uma escada em caracol e janelinhas estreitas sem vidros que passavam a luz do sol. Leia mais »

À Navalha

Postado no dia: 6 de May de 2016 por Álvaro Perazzoli em Literatura, Poemas, Poesia, Poesia Maldita

Texto e imagem: Álvaro Perazzoli
A espera

Tu pedistes para lhe esperar…

E durante esta translação fostes a escolhida entre bilhões, tal qual a estrela sorteada por uma criança com seu dedo mágico.

E então durante muitas noites de perdição habitei uma ideia.

Nas noites que mais senti dor e não me abriguei do frio, fostes a salvadora, a mulher que vi como heroína.

Fostes sem saber, meu Valium e a minha cocaína. Leia mais »

Cantos de um pássaro pardo qualquer

Postado no dia: 20 de January de 2016 por Álvaro Perazzoli em Arte, Contracultura, Literatura, Poemas, Poesia, Poesia Maldita

Texto: Álvaro Perazzoli
Imagem: Reprodução / Alphaville (Jean Luc Godard)

Comecei então a ouvir aquela Marisa com aqueles Paralamas, diziam eles sobre um tal amor que não pode mais esperar.

Ouvi também o espelho cristalino de Alceu dizer sobre uma grande esperança na cidade onde o povo desaprendeu a amar.

Às vezes peço que a vida dê-me a morte do que ter que viver como um cadáver neste cemitério que chamam de lar.

Então por vezes fico inquieto e questiono se Alphaville é um bairro ou se vivemos aqui a grandiosa obra de Godard.

Caminho como um garimpeiro, procurando em cada esquina um sorriso que não escute o chamado de dormir do luar.

E quando encontro um diamante ou uma pérola entre as lixeiras e esgotos, o relógio grita que eu preciso acordar…

Amor à deriva

Postado no dia: 5 de November de 2015 por Álvaro Perazzoli em Arte, Fotografia, Literatura, Poemas, Poesia, Poesia Maldita, Versos

Texto e foto: Álvaro Perazzoli

Hoje me vi diante de um enorme oceano dentro de um pequeno quarto.
Assustei-me quando percebi que estava muito distante do único barco.
Sem bote, sem colete, estava apenas nu e com uma moeda na mão.
Ela não tinha cara, face e muito menos coroa. Era minha salvação.

Há bem pouco tempo eu me lambuzava diante da tua doçura.
O que aconteceu? Agora sou um naufrago à beira da loucura.
Então me vi algumas vezes pedindo socorro.
E quanto mais eu grito, mais sinto que morro…

Reme! Reme! Movimente este casco de madeira que te faz flutuar.
Eu acredito que as minhas desajeitadas braçadas irão te alcançar.
Você adormece a madrugada e ela a leva para o centro deste mar.
Eu estou nos quatro cantos desse oceano lutando para me salvar.

Alcancei a sua mão! E quando a segurei, ela estava tão fria.
Segurei, segurei, apertei e apertei. Mas ela não correspondia.
Antes da aurora regurgitei por três vezes. Estou muito enjoado.
Durante a escuridão, queria tanto ter asas para ficar ao seu lado.

E neste alto mar de medo, mergulhei na ansiedade.
Ela navegava sozinha, dei nome a isso de vaidade.
Tudo é o que quero. Estou sem forças para nadar.
Deixe logo este barco e venha comigo se afogar…

Hoje me vi diante de um enorme oceano dentro de um pequeno quarto.

Assustei-me quando percebi que estava muito distante do único barco.

Sem bote, sem colete, estava apenas nu e com uma moeda na mão.

Ela não tinha cara, face e muito menos coroa. Era minha salvação.

Há bem pouco tempo eu me lambuzava diante da tua doçura.

O que aconteceu? Agora sou um naufrago à beira da loucura.

Então me vi algumas vezes pedindo socorro.

E quanto mais eu grito, mais sinto que morro…

Reme! Reme! Movimente este casco de madeira que te faz flutuar.

Eu acredito que as minhas desajeitadas braçadas irão te alcançar.

Você adormece a madrugada e ela a leva para o centro deste mar.

Eu estou nos quatro cantos desse oceano lutando para me salvar.

Alcancei a sua mão! E quando a segurei, ela estava tão fria.

Segurei, segurei, apertei e apertei. Mas ela não correspondia.

Antes da aurora regurgitei por três vezes. Estou muito enjoado.

Durante a escuridão, queria tanto ter asas para ficar ao seu lado.

E neste alto mar de medo, mergulhei na ansiedade.

Ela navegava sozinha, dei nome a isso de vaidade.

Tudo é o que quero. Estou sem forças para nadar.

Deixe logo este barco e venha comigo se afogar…

Ela

Postado no dia: 29 de October de 2015 por Álvaro Perazzoli em Arte, Fotografia, Literatura, Poemas

Texto e foto: Álvaro Perazzoli

Ela quer se libertar.

Quer sentir o vento bagunçar seu cabelo enquanto corre livre por um campo de um país qualquer…

Ah, ela quer o sabor doce do silêncio ao invés de palavras duras que a impeçam de flutuar.

Quer gritar porque tem vontade, quer chorar por motivo algum e quer sorrir sem propósito. Leia mais »

O Escarro

Postado no dia: 28 de October de 2015 por Álvaro Perazzoli em Arte, Contracultura, Literatura, Poemas, Poesia, Poesia Maldita

Texto: Álvaro Perazzoli
Imagem: Reprodução / Esculturas Cao Hui

Respire!

Inspire!

Faça um leve movimento nasal interno.

Sinta que há algo em suas mais nefastas entranhas para ser puxado, retirado, arrancando e expelido.

Ele começa na sua garganta, infecta seu peito, contamina seu coração e bloqueia seu pulmão.

Feche seus olhos… Leia mais »

O quartinho

Postado no dia: 20 de July de 2015 por Álvaro Perazzoli em Literatura, Poemas, Poesia

Texto e foto: Álvaro Perazzoli

Angélicas, Verônicas, Magnólias, Camélias, Jasmines e Jaquelines.

No seu pequeno quarto descobri o quanto posso ser grande.

Fração de espaço minúscula, como o mundo do príncipe que viaja em um cometa.

Nas suas galáxias de cheiros e constelações de chocolates, rego uma rosa.

Uvas engarrafadas dos campos que nunca pisei imploram para serem soltas.

Sou Júlio Verne e Crusoé discutindo no cruzeiro de São Thomé.

Ah essas paredes que nos libertam de tanto que nos espremem. Leia mais »

Café frio

Postado no dia: 1 de August de 2014 por Álvaro Perazzoli em Literatura, Poemas, Poesia, Poesia Maldita, Versos

Texto: Álvaro Perazzoli
Imagem: Substantivo Plural

Dormi lhe escrevendo. Hoje li as frases esquecidas da noite anterior.

Estão borrachudas como pão dormido e sem gosto como café reaquecido.
Confio no seu olhar arrogante ou acredito na sua gentileza cativante?

Até rimar eu tentei. Mas com você o serei virá antes do que não sou.
Serei eu ou serei você? Sereio ou sereia?

Vai saber, ela nunca mesmo vai entender…

Oh mulher!

Postado no dia: 25 de July de 2014 por Álvaro Perazzoli em Literatura, Poemas

Texto: Álvaro Perazzoli

Oh mulher a quem nunca dediquei um poema, um conto, uma poesia e um verso.

Mulher que me deitei, que toquei e que beijei.

És uma mulher que nunca me teve…

Os 7 x 1

Postado no dia: 9 de July de 2014 por Álvaro Perazzoli em Ativismo, Ciclo-ativismo, Editorial, Esportes, Informação, Política

Texto: Álvaro Perazzoli
Imagem: Internet com adaptação de Álvaro Perazzoli

1 x 0 – Vaiar a Alemanha durante a execução do seu hino
2 x 0 – Abster-se de todas as questões políticas e sociais
3 x 0 – Ignorar a educação, saúde e os demais esportes
4 x 0 – Acreditar na mídia e criminalizar os que protestam
5 x 0 – Ter moleques que mal sabem a história do seu país como heróis
6 x 0 – Dar mais importância a um campeonato do que ao próprio trabalho
7 x 0 – Usar o futebol como massa de manobra e domesticação social
7 x 1 – (Garrincha, Zico, Tostão, Bebeto, Sócrates, Didi, Tafarel, Félix, Careca…)

Não é uma questão de ser contra o futebol, mas sim do que é feito com ele.

Livrai-nos

Postado no dia: 25 de June de 2014 por Álvaro Perazzoli em Literatura, Poemas, Poesia, Versos

Texto: Álvaro Perazzoli

Em uma livraria descobri que não somos livres.
Decidi então escrever um livro para nos livrar.

Texto: Álvaro Perazzoli
Imagem: Ordem do Dragão Vermelho

Quando pequeno, nutri um certo fascínio por vampiros. Influenciado pelo que lia e assistia na TV, frequentemente me viam durante a noite com capas feitas com a pele de guarda-chuvas velhos. Tinha 11 anos.

De forma alguma queria ser aquele super-herói fascista fantasiado de morcego. Queria incorporar as trevas, sentir a solidão da vida eterna e ter o charme que nenhum ser humano do sexo masculino sonhou em ter perante as mulheres. Leia mais »

O caçador de rainhas

Postado no dia: 5 de June de 2014 por Álvaro Perazzoli em Crônicas do Cotidiano, Literatura, Poemas, Poesia Maldita

Texto: Álvaro Perazzoli
Foto: Via Focusonmovies

Estamos em uma vila de pedras esquecida pelo passado e consumidas pelo presente.

Sou um mero observador de uma rainha que governa a escuridão e tem as sombras como súditos leais.

Ela envenena cada beco frio com sua fragrância e faz-me caçá-la como um cão vadio. Leia mais »

Casa Vazia

Postado no dia: 4 de June de 2014 por Álvaro Perazzoli em Arte, Crônicas do Cotidiano, Poemas

Texto e foto: Álvaro Perazzoli

É com essas paredes que converso todas as noites de tom cinza escuro.

Falo como essa casa se torna tão pequena quando meus amigos vêm me visitar e tão enorme quando estou só. Gosto mesmo quando você chega, pois fica do tamanho ideal.

Quando minha gigantesca cama solteira tem a sua presença, fico por semanas sentindo seu cheiro em cada centímetro deste leito. Leia mais »

Uma cidade

Postado no dia: 30 de May de 2014 por Álvaro Perazzoli em Poemas

Texto: Álvaro Perazzoli

Quero uma cidade com pessoas que tenham tempo para as pessoas.
Quero uma cidade com pessoas que tenham tempo.
Quero uma cidade com pessoas.
Quero uma cidade…

Há fantasmas nos meus sonhos

Postado no dia: 23 de April de 2014 por Álvaro Perazzoli em Arte, Contracultura, Fotografia

Texto e foto: Álvaro Perazzoli

Na pintura, na fotografia, na escrita, na dança, no desenho, na música ou em qualquer criação que transcende a razão se faz necessário incorporar alguns personagens para atingir alguns lugares. Impossíveis serem alcançados sendo nós mesmos na esfera realista.

Alguns usam drogas, outros meditam, outros buscam nos mais diversos elementos físicos ou subjetivos o portal para saírem de si mesmos e encontrarem-se em um plano ou dimensão incomum. Leia mais »

Sexo & Tragédia – III – O outro lado do muro

Postado no dia: 10 de March de 2014 por Álvaro Perazzoli em Arte, Contracultura, Gonzo, Literatura, Poesia Maldita, Sexo & Tragédia

Texto: Álvaro Perazzoli
Imagem: Oitenta “tijolinhos” – Obra produzida por menores da favela carioca

As flores na janela da minha vizinha era o sinal que ela queria dar. Descobri bem cedo que na casa ao lado morava uma mulher sádica, perversa e depravada. Eu tinha apenas oito anos, e só não tinha descoberto antes, pois somente nessa idade atingi a altura necessária para olhar por cima do muro.

Já tinha perdido minha inocência na igreja. E não tinha sido um padre que me currou, mas a própria filha do pastor que me chupou. Leia mais »

O Rolezinho

Postado no dia: 9 de March de 2014 por Rafael De la Torre Oliveira em Colunistas, Debate, Informação, Jornalismo, Política, Rafael de La Torre Oliveira

Texto: Rafael De la Torre Oliveira
Vídeo: Hiato – Gumme Filmes

Agora vamos falar um pouco sobre o Rolêzinho e as problemáticas (que não significa problema) que o envolvem. Leia mais »

Texto e foto: Álvaro Perazzoli

O Senhor da NoiteNa calçada do faraônico cemitério da Zona Leste de SP um homem nu de meia idade corre em direção a uma possível prostituta. Com os sapatos nas mãos ela foge sem roupa como um coelho assustado. E assim começa minha busca noturna por coquetéis alucinógenos que me farão sorrir na cama de uma qualquer.

Há uma igreja batista em uma das travessas da avenida desse depósito de corpos. Nesse lugar travestis dividem a calçada com putas “desaposentadas”, abutres pedem e farejam qualquer coisa que você tenha bem próximo dos senhores da alegria. Sim, eram esses últimos que procurava.

Com algumas poucas notas eles dão felicidade na forma e intensidade que você deseja. Comprei colorida, lenta, psicótica e poderosa. Leia mais »

Texto e foto: Álvaro Perazzoli

Nas faces menos visíveis da escuridão ela sussurrava no meu caminho, “Abrace-me”. Ligara antes e pedira para que entrasse em sua casa sem fazer barulho. Era um sobrado tipicamente paulistano em um bairro nobre da cidade imunda.

Ela nada mais era que uma grande amiga que acabara de perder os avós em um acidente automotivo. Um caminhão perdeu o controle na estrada e atingiu o carro que estavam. Retornavam de uma viagem pelo interior paulista.

Fazia questão de contar os detalhes, disse-me que sua avó fora decapitada e seu avô foi esmagado da cintura para cima. No necrotério reconheceu o avô do pau para baixo.

Sua dor era intensa, pois foi criada e vivia com eles. A casa que estávamos era deles. Sua mãe vivia no exterior e seu pai a visitava regularmente. Mas ela o recusava. “Ele só me quer enquanto abro as pernas”, contava. Leia mais »

Texto e foto: Álvaro Perazzoli

Não venho aqui seduzir o normal e tampouco acariciar a realidade. Quero é violentar a consciência e masturbar a sanidade.

Não tenho quarenta, não tenho vinte, tenho pouco mais de trinta.

Vivo como fotógrafo, mas nasci jornalista. Meu trabalho é ressuscitar os poetas malditos nos cadáveres pútridos dos homens românticos.

Sou mulato quase branco, e negro quase livre.  Tenho São Paulo, mas não sou paulistano. Tenho o Brasil, mas sou mundano.

Não tenho religião, sigo a energia da razão. Na minha igreja os padres curram os pastores e as freiras se masturbam com crucifixos sob a imagem de Iemanjá. Não tenho fé e não tenho amor, tenho instinto e fome, muita fome.

Na dualidade entre o racionalismo e a emoção, prefiro me distanciar e agir como um animal.

Também não vim questionar a privação dos reprimidos para construir uma nova sexualidade. Sou um mero contestador do pudor moral, cívico e espiritual.

E nesse meu corpo quem tateia são as vísceras bukowskiana, quem respira são as úlceras de Blake, quem escreve é a diarréia de Hunter Thompson sob a regência do câncer anarquista que um dia infestou o cu de Carlos Careqa.

Troco seu amor por nosso ódio, pois na fúria da nossa raiva seu sexo será violado pela dor do prazer.

Sim, prazer, muito prazer!

Leni Riefenstahl: Horrível ou maravilhosa?

Postado no dia: 12 de January de 2014 por Álvaro Perazzoli em Arte, Fotografia, Informação, Política, Vídeos

Texto e pesquisa: Álvaro Perazzoli

Vídeos: Trechos do documentário “Ein Traum fon Afrika”  de Ray Müller

Esses são trechos do documentário “Ein Traum fon Afrika” feito pelo cineasta Ray Müller sobre o trabalho da alemã Helene Bertha Amalie, “Leni Riefenstahl”. Foi produzido no Sudão em 1997 sobre uma mulher que tem a vida classificada como horrível e maravilhosa.  Após visualizar os vídeos, leia o conteúdo abaixo e entenda o porquê.

Leia mais »

Os primeiros esboços

Postado no dia: 10 de January de 2014 por Álvaro Perazzoli em Arte, Contracultura, Fotografia

Texto e fotos: Álvaro Perazzoli

(Primeiros esboços, Álvaro Perazzoli, 2014, digital light paint, 20 X 30 cm, acervo pessoal, São Paulo)

Os rabiscos em uma superfície qualquer são as primeiras representações de uma criança para o mundo. São as tentativas primárias da expressão sem o uso da fala, do texto ou gestos.

Esses rabiscos muitas vezes são o máximo de originalidade criativa durante toda a vida da grande maioria dos seres humanos.

O motivo é que a sociedade, a escola e os pais adestrados irão impor que tais criações representem a realidade. Que casas tem que ser como a ideia comum de casas e que tudo de concreto tem que ser como nossos olhos vêem. Leia mais »

Fineart: A dor nº 1

Postado no dia: 9 de January de 2014 por Álvaro Perazzoli em Arte, Fotografia

Foto: Álvaro Perazzoli

(A dor nº 1, Álvaro Perazzoli, 2012, fineart digital, 60 X 40 cm, acervo pessoal, São Paulo)

Setembro Negro – 7/9 – São Paulo – SP

Postado no dia: 14 de September de 2013 por Álvaro Perazzoli em Arte, Ativismo, Contracultura, Informação, Jornalismo, Política, Vídeos

Vídeo: 12 PM Photographic

Uma visão nua e crua do que é estar no Black Bloc.